Um pássaro? Um avião? Um Girino?
7 de Março de 2023
Num dia de sol e de céu azul pintalgado de nuvens, experimenta sair para dar um passeio. Olha depois para o céu e usa a tua imaginação para tentar distinguir nas nuvens o máximo de padrões ou formas interessantes! Nuvens de gás com formas estranhas existem também para lá do nosso planeta, bem mais longe no espaço.
Com base em dados do Telescópio James Clerk Maxwell e do Radiotelescópio Nobeyama, de 45 m, do NAOJ, uma equipa de investigadores da Universidade Keio, no Japão, identificou uma nuvem de gás fora do comum. A nuvem ficou conhecida como “Tadpole” (que em português significa Girino) devido à sua forma encurvada. Girino localiza-se a cerca de 27 mil anos-luz da Terra, na constelação de Sagitário.
A equipa suspeita que existe um objeto massivo, porém de pequenas dimensões, por detrás da forma encurvada de Girino. Isto porque a nuvem parece deformada, como se estivesse a ser puxada por um objeto massivo à medida que se move à sua volta, devido à gravidade. Algo parecido a deixarmos cair uma pedra numa meia elástica. Os investigadores começaram a procurar objetos massivos e brilhantes no centro da órbita de Girino (como o Sol, no centro do Sistema Solar). Mas, para sua surpresa, não conseguiram encontrar nenhum!
Os astrónomos sugerem então que Girino pode estar a orbitar um objeto escuro, provavelmente um buraco negro, 100 mil vezes mais massivo que o Sol. A única forma de se poder detetar tal objeto é analisando o seu comportamento em relação a outros objetos brilhantes próximos. Por esta razão, os astrónomos ainda não sabem quantos buracos negros e com que variedade de massas poderão estar à espreita na Via Láctea.
A equipa sente-se otimista, pois planeia usar o ALMA (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array) para procurar sinais fracos de um buraco negro, ou de outro objeto, no centro da órbita de Girino. Desta forma, esperam conseguir perceber o que é responsável pela forma peculiar de Girino.
Imagem: Ilustração da nuvem molecular “Girino” e do buraco negro no centro gravitacional da sua órbita. (Crédito: Keio University).
Facto curioso
