Uma supernova que se reacendeu!
21 de Março de 2023
Os astrónomos observaram pela primeira vez o reacender de uma supernova, um fenómeno estranho, já que o brilho das supernovas desaparece gradualmente em alguns meses.
Uma equipa internacional de investigadores, das Universidade de Kyoto e de Osaka, analisou o remanescente da supernova SN 2018ivc com o Observatório ALMA (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array) e descobriu algo fora do comum. Nos 200 dias que se seguiram à explosão inicial, o brilho de SN 2018ivc foi diminuindo, porém, observações levadas a cabo 1000 dias mais tarde mostraram que o objeto se estava a reacender.
Os astrónomos sabem que a presença ou ausência de uma estrela companheira próxima pode afetar a evolução das estrelas massivas que explodem como supernovas.
Num sistema binário, se as estrelas estiverem suficientemente próximas, a estrela companheira pode engolir material da potencial supernova. Neste processo, a estrela que se irá tornar supernova acabará por perder mais material estelar do que perderia se as estrelas do binário estivessem muito distantes ou se a potencial supernova fosse uma estrela isolada. Mas e se as duas estrelas não estiverem muito próximas nem muito distantes – a uma distância intermédia? É este o caso de SN 2018ivc!
Usando um modelo de computador, os investigadores conseguiram explicar que a distância intermédia entre SN 2018ivc e a sua estrela companheira provocou interações entre ambas. As interações criaram um enorme anel oco de material estelar à volta de ambos os corpos, cerca de 1.500 anos antes da supernova acontecer. 200 dias após a explosão, o material ejetado pela supernova ainda não tinha atingido o casco do anel oco, o que explica a diminuição do brilho de SN 2018ivc. Mas, em algum momento, entre os 200 e 1000 dias após a explosão, o material ejetado atingiu e colidiu com o casco do anel estelar, o que fez com que se reacendesse. Não é incrível?
Imagem: Imagem da região central de M77 obtida pelo telescópio espacial Hubble (esquerda), na qual se marca a posição de SN 2018ivc. Os painéis da direita mostram SN 2018ivc com base em dados obtidos pelo ALMA, a ~200 dias (canto superior direito) e a ~1000 dias (canto inferior direito). Vê-se claramente que o reaparecimento do brilho ocorreu cerca de um ano após a explosão da supernova. Crédito: (left)NASA/ESA Hubble Space Telescope/Hubble Legacy Archive (right) ALMA (ESO/NAOJ/NRAO), K. Maeda et al.