A estrela Wolf-Rayet WR 124, a cerca de 15000 anos-luz de distância da Terra, na constelação de Sagitta (ou a Seta), é uma das primeiras observações realizadas pelo Telescópio Espacial James Webb.
Muito longe, na constelação de Monoceros (o Unicórnio), a 3000 anos-luz de distância da Terra, vive uma estrela invulgar, conhecida como HD 45166, que se prepara para se tornar a mais poderosa estrela magnética conhecida no Universo.
Os magnetares são um tipo de estrela de neutrões que detém o record “universal” do objeto com os mais fortes campos magnéticos do cosmos. Inicialmente, os astrónomos pensavam que uma estrela teria de ser muito massiva para se tornar num magnetar. Mas, na verdade, não é bem assim.
Há mais de um século que os cientistas estudam HD 45166. Pouco se sabe sobre a verdadeira natureza desta estrela além do facto de ser rica em hélio, ser mais massiva que o Sol e fazer parte de um sistema binário.
Usando vários telescópios, entre eles o Telescópio CFHT (Canadá-França-Havai), em Mauna Kea, uma equipa internacional de investigadores começou a estudar mais a fundo a “invulgaridade” de HD 45166. As suas características são surpreendentemente semelhantes às de uma estrela Wolf-Rayet, mas HD 45166 tem uma assinatura espectral completamente diferente. Isto deixou os astrónomos muito curiosos fazendo com que começassem a investigar as causas da natureza estranha desta estrela. E... Eureka!
Acontece que HD 45166 é magnética. Os novos dados obtidos quando a estrela foi observada do “ponto de vista magnético” mostraram que ela tem um campo magnético poderoso, de cerca de 43000 gauss – o mais poderoso descoberto até à data numa estrela massiva. Os cientistas pensam que esta estrela pode estar a caminho de se tornar num magnetar. Daqui a um milhão de anos, HD 45166 explodirá como uma supernova brilhante. O seu núcleo irá contrair-se e começar a capturar todas as poderosas linhas do campo magnético da estrela, criando uma estrela de neutrões altamente magnética — um magnetar — com um campo magnético de 100 mil milhões de gauss.
Com a ajuda dos telescópios, a equipa mediu também a idade e massa exatas de HD 45166. Os cientistas consideram que a estrela foi formada pela fusão de duas outras estrelas de massa intermédia. A nova investigação lança uma luz sobre como se formam estes poderosos corpos magnéticos e como, ao contrário do que se pensava, as estrelas muito menos massivas podem também, nas condições certas, tornar-se magnetares.
Imagem: Esta ilustração mostra uma estrela altamente invulgar que está destinada a tornar-se num dos objetos mais magnéticos do Universo: uma variante de uma estrela de neutrões conhecida como magnetar. Créditos: NOIRLab/AURA/NSF/P. Marenfeld/M. Zamani.
A estrela Wolf-Rayet WR 124, a cerca de 15000 anos-luz de distância da Terra, na constelação de Sagitta (ou a Seta), é uma das primeiras observações realizadas pelo Telescópio Espacial James Webb.